Justiça da Bolívia restitui mandado de prisão contra Evo Morales
Processo estava temporariamente suspenso, também por decisão da Justiça; Morales diz que governo promove ‘perseguição judicial’
Publicado em 04/05/2025 08:45
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A ordem de captura contra o ex-presidente da Bolívia Evo Morales foi restituída nesta sexta-feira (02) pela Justiça do país. O caso envolve um suposto tráfico de pessoas, entre elas uma menor, e havia sido anulado por uma juíza nesta semana.

De acordo com o titular da pasta, César Siles, em declarações à emissora oficial Bolívia TV, além da ordem, estão vigentes o processo, a imputação e a jurisdição onde o caso será apreciado, além do juiz.

O ministro citou a decisão de um juiz de La Paz, que suspendeu temporariamente a decisão da magistrada Lilian Moreno, de Santa Cruz (leste), que havia deixado sem efeito as acusações e o mandado de prisão contra Morales.

“Como medida cautelar, ordena-se a suspensão temporária da execução de toda determinação adotada”, pois ainda é preciso resolver uma queixa pendente, indica a resolução judicial, citada pela estatal Agência Boliviana de Informação.

"É realmente uma decisão aberrante a que ditou a juíza [...], mas, felizmente, se restabeleceu o Estado de Direito”, opinou Siles.

O caso

Segundo a promotoria, Morales manteve em 2015 uma relação com uma adolescente de 15 anos, com quem teve uma filha um ano depois.

O ex-mandatário foi investigado em 2019 por esse mesmo caso, enquadrado no crime de estupro, que envolve conjunção carnal com menores de idade de 14 a 18 anos.

No ano passado, a promotoria retomou o expediente e indiciou Morales por suposto tráfico de pessoas.

A acusação sustenta que Morales teria oferecido benefícios aos pais em troca de sua filha, que à época fazia parte da “guarda juvenil” do então partido do ex-governante.

‘Perseguição judicial’

Evo Morales se referiu à resolução como uma “notícia difundida pelo governo” que responde ao “seu desespero ao ter sido derrotado política e juridicamente”.

O ex-presidente, que governou a Bolívia em três mandatos, de 2006 a 2019, acusa o governo de Luis Arce de perseguição judicial para retirá-lo das eleições de 17 agosto - quando pretende vencer e governar pela quarta vez.

Morales já anunciou, para 16 de maio, uma marcha em La Paz, capital boliviana, para inscrever sua candidatura.

"[O governo] quer confundir e esconder o desastre econômico que a Bolívia vivencia. Ao povo boliviano, asseguro: minha liberdade está garantida”, acrescentou.

A candidatura de Evo Morales pode ter um obstáculo importante: uma decisão do tribunal constitucional de 2023 afirma que ninguém pode governar o país por mais de dois períodos.

 

Com informações da AFP.

 

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